domingo, 24 de março de 2013

Vinte e dois


Vinte e dois invernos
Vinte e dois infernos
Vinte e dois pontos na ferida pustulenta
Vinte e dois tiros de calibre vinte e dois

Contabilizar é perda de tempo
Vinte e dois é só o inicio.
Busquem suas luvas, crianças
Vinte e dois corações partidos é pouco se for contar.

Vinte e dois mendigos nos ensinaram filosofia
Vinte e dois punks nos deram alguma diversão.
Seriam mais
ou seriam menos?

Vinte e dois anos passaram-se 
como se tivesse vivido por vinte e dois anos
vinte e dois enganos
vinte e dois ciganos.

Vinte e dois programas 
de alguma loira pela manhã.
Vinte e dois programas
de alguma loira pela noite.


Vinte e dois anos
nenhum plano
reto, oblíquo, átono
desejado.

"Mas como pode dizer como tanta certeza, se ainda são só vinte e dois"
São apenas vinte e dois
Vinte e duas existências.
Vinte e duas carências.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Putinha IV



O ato de ser
O fato de ser
Um bang!
Seu coração partido torna-se inexistente
Eternamente não será.

No andar de cima do Bordel da Boa Esperança...

Gritava,
 reclamava,
e xingava.

Por fim apanhava
e assim cavalgava.

Como a boa Putinha que é
Chorava, chorava e chorava.

terça-feira, 12 de março de 2013

Putinha III


Penteou os cabelos
Perfumou-se
Pôs sua melhor lingerie.
Sonhou com o príncipe encantado

-Acorda vadia,
chupa-

Cuspiu pelo ralo,
seus sonhos,
meus sonhos,
mas a porra ela engoliu.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Amar(go)



Não é certo
Não é bonito
Mas assim o foi escolhido.

Abri a janela que tanto olhava
Descobri que só seus olhos conseguem ver girassóis
onde só me vi a sós.

Qual o motivo dessa falta?
Quem volta sozinho ao som da flauta
sabe que é o flautista
o malvado do flautista
Flagelo da Conquista.

Assim acredito
assim é mais fácil acreditar
se é que há crédito em meu creditar.

O pecado proferido foi ver beleza onde não deveria
em teoria
quem me julgaria?

Perdi para um esplêndido adversário
Deixou-me com cara de otário
Passou contigo mais de um aniversário.

Ah, querida.
Aceitou-me em tua vida!
Entendeu o bonito da ferida
Proibida
Indevida
Novamente querida.

Besta...

Para de maltratar meu coração.
Um osso ao cachorro velho nunca oferecerão
Um amor ao poeta chorão.
Uma comédia ao palhaço fujão.

domingo, 3 de março de 2013

Putinha II


Noite mais
Via seus medos fatais.
Noite menos
A humanidade perdemos.

Enquanto isso no Bordel da Boa Esperança...

Teu cliente novo a comprava
Com vigor a estuprava
De Putinha lhe chamava
Sua cara pisava
Em seu útero gozava
E como a boa putinha que é
Chorava, chorava e chorava.