domingo, 17 de setembro de 2017

Eu amo tanto quando ele me fode.

    

    Não sabia que horas eram quando ele chegou, ou melhor, voltou. Não sei quando ele vem, quando sai, quando vem foder meu rabo bem gostoso e passar meses me comendo de má vontade, ainda que coma todos os dias. Hoje ele simplesmente apareceu. Estava sozinho em casa, não sabia o que fazer, não consigo apenas dizer não a ele. Desculpa a bagunça, não se incomode com os gatos, já já eles vem pedir comida e se esconder de novo. Sabe... Eles te odeiam por algum motivo, você deve ter feito alguma coisa ruim que os assustou.
    Não sei o que ele queria dessa vez, muito pelo contrário,  queria eu saber algo sobre ele. Um passado de estúpido, um filho morto, algo sobre uma sequência de estupros. Digo, ao menos foi o que ouvi dizer por ai, as pessoas dizem muitas coisas, sabe? 
    Eu tenho um pouco de dó de você. Ficava ali me encarando com aqueles olhos castanhos opacos, parece a mais fofa leitoa que foi para o abate e jaz dependurada de ponta cabeça ainda pingando chouriço no abatedouro. Tem algo de mágico em todo esse vazio, em toda visita esse poço de apatia rapidamente se cobre de um ódio tão violento, puro e descontrolado. Puta que pariu! Como isso me da tesão! Da essa vontade louca de deixar que ele esprema meu pescoço até as forças me abandonarem. Ele me deixa tão vulnerável, tão pequeno, tão... tão. .. triste? Ele nem sabe porque sente todo esse ódio e muito menos porque  o desconta em mim. Acho que nem quero saber. Ah, meus Orixás, perdoem-me, mas eu amo tanto quando ele me fode!
Tomamos café, como homens adultos fazem, nenhuma palavra trocada, apenas olhares de constrangimento e saudades, nenhum pingo de afeto foi derramado naquela mesa.

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